Co-convocadorxs: Gabriella Stephany (Pontifíca Universidade Catolica Belo Horizonte), Tulio Colombo Corrêa (EAD-UFMG) e Mateus Augusto da Conceição Carneiro (Instituto Metodista Izabela Hendrix)
Descrição: O interesse principal desse grupo de trabalho traz o “Capitalismo baseado na catástrofe, devastação e lucro” para discutir Meio ambiente e produção do espaço. A intenção desse necessário entrelaçamento é discutir amplamente a crise ambiental, política e urbana compartilhando a realidade brasileira com as demais presentes, a partir de uma análise de conjuntura que traz o neoliberalismo como um projeto político imposto aos territórios.
Entendemos a transdisciplinaridade como condição si ne qua non para uma compreensão mais aprofundada da realidade, havendo então interseccionalidade com outros temas como “segregação de facto e de jure”, “fluxos (de corpos d’água, poesia, capital)” e “racializar o espaço e espacializar a raça”, por estarmos tratando de questões estruturais do país.
A proposição deste Grupo de Trabalho parte do Grupo Viela, que nasceu do desejo de 6 arquitetas urbanistas (o uso do feminino plural é uma escolha política) em exercer a profissão de maneira crítica, mirando o caráter de assessoria técnica como um norte político para nossas discussões. Somos seis pessoas LGBTQI+ que refletem cotidianamente sobre raça, gênero e sexualidade nas práticas territoriais. Importante salientar que nossos trabalhos trazem essencialmente a interseccionalidade entre cultura e território o qual, para nós, é pluralidade, no sentido de estabelecer ações e relações intrínsecas entre território-corpo, território-geografia, território-psiquê, território-história: territorialidades.
Por cultura entendemos o costume e todas as relações observadas em um conjunto social, fruto do meio em que se está resultando de heranças e escolhas presentes, partindo do pressuposto de que tudo é passível de ser ressignificado/reconstruído, ou seja, os processos de subjetivação da sociedade estão em disputa constante. A discussão sobre produção do espaço advém do entendimento de que o território (e aqui estamos nos referindo à uma discussão geográfica) é simultaneamente material e social, composto por uma dialética, como o espaço geográfico. O território-forma é o espaço material e o território usado é o espaço material mais o espaço social. O território usado é constituído pelo território forma – espaço geográfico do Estado – e seu uso, apropriação, produção, ordenamento e organização pelos diversos agentes que o compõem: as firmas, as instituições – incluindo o próprio Estado – e as pessoas. O cruzamento inevitável entre esses dois conceitos, território e cultura, nos remete à discussão sobre a produção do espaço que constitui a base das discussões desse projeto.
Descrição dos espaços:
O Grupo de Trabalho consistirá em discutir sobre efeitos da política neoliberal e neocolonial nas Américas, bem como aguçar olhares sobre narrativas contra-hegemônicas que disputam os múltiplos territórios e territorialidades presentes nos atravessamentos entre direito à cidade, meio ambiente e produção do espaço.
Primeiro momento: de forma coletiva, faremos uma leitura da conjuntura sobre consequências do projeto neoliberal na produção do espaço nas Américas, traçando uma relação com um processo de neocolonização. Serão discriminados exemplos, e isso ajudará um entendimento coletivo sobre o plano de fundo das nossas discussões.
Segundo momento: conversaremos sobre territórios e narrativas contra-hegemônicos (pensando num conceito amplo de território e territorialidade), passando pela produção de espaços temporários, permanentes, formais, informais e outras inúmeras características. Faremos um pedido para que as pessoas tragam exemplos de ações que produzem espaços contra-hegemônicos a partir da conversa que tivemos e das leituras enviadas por e-mail.
Terceiro momento: faremos uma análise conjunta sobre os exemplos, pensando suas construções sócio-políticas-espaciais, e como elas contrariam a lógica vigente do projeto neoliberal-neocolonial. Dessa discussão espera-se extrair apontamentos para políticas públicas nas cidades que eles acontecem, apontamentos para outras relações sociais-políticas-econômicas formais ou informais, cotidianas.
Ao final do GT, pediremos para que os participantes nos enviem um e-mail com os relatos, ensaios, fotos e demais documentações que trouxeram durante o GT (com a possibilidade de expandirem o conteúdo), para que possamos necessariamente produzir um artigo científico sobre as discussões e a experiência. Também há uma possibilidade de propormos uma publicação ampliada – um livro – sobre a discussão, trazendo as pessoas participantes como autoras.
Para enviar sua inscrição para este grupo de trabalho, por favor use o formulário geral aqui.